quarta-feira, 18 de abril de 2007

QUE TEM A VER JULIO CÉSAR COM A OPERAÇÃO CESARIANA?







Caio Júlio César (Gaius Julius Caesar, em latim) foi o primeiro dos doze césares do Império Romano. Antes, apenas um sobrenome de família, Caesar tornou-se um título equivalente ao de Imperador, tal foi a destacada atuação e o poder alcançado por Júlio César como general, político, administrador e governante. O título de Caesar passou para o germânico como Kaiser e para o russo como Tzar ou Czar.
Júlio César nasceu em Roma no ano 100 a.C. e morreu em 44 a.C., assassinado às portas do Senado romano, quando os seus partidários tramavam a abolição da república e sua coroação como Rei, investido de poder absoluto. Segundo a tradição, Júlio César teria nascido pela abertura do ventre de sua mãe, fato este registrado por Plinius, no século I a.C. [1] Desde então estabeleceu-se um vínculo entre Júlio César e a denominação de cesariana ou cesárea dada a esta operação. Duas versões são encontradas na literatura. A primeira, a mais difundida, é a de que o nome da operação teria sido adotado em decorrência de ter Júlio César assim nascido. A segunda atribui o nome de Júlio Cesar ao fato de ele ter nascido por cesariana, adjetivo etimologicamente derivado do verbo latino caedo, caedici, caeso, caedere, cortar. Os romanos chamavam de caesares ou caesones aos que eram retirados com vida por abertura da parede abdominal após a morte da mãe. Tanto a primeira como a segunda versão são encontradas em obras de referência das mais acreditadas, como as que citamos a seguir. Veremos mais adiante que ambas as versões são inconsistentes.

RESUMINDO:

1. Há em latim duas palavras homônimas: Caesar, nome de família, e caesar, aquele que é tirado do útero materno por incisão abdominal, após a morte da mãe.
2. O sobrenome Caesar é anterior ao nascimento de Júlio Cesar e pertencia a uma família de patrícios da linhagem Júlia, pretensos descendentes diretos de Enéas, o herói troiano que deu início à civilização romana.
3. A abertura do abdome para retirada do feto vivo só era praticada à época de Júlio Cesar em caso de morte da gestante. Não há nenhum relato em parturiente viva.
4. Aurélia, mãe de Júlio Cesar, não morreu em trabalho de parto como insinua Plinius. Ela sobreviveu muitos anos depois do nascimento do filho, como atestam fontes históricas.
5. A denominação de cesariana ou cesárea, como termo médico, é de criação tardia. Primitivamente cesariana era apenas o feminino de cesariano, na acepção de partidário, pertencente ou relativo a Cesar.
6. Tanto cesar, como cesariana e cesárea, são derivados do verbo latino caedo, caedici, caeso, cedere, que significa cortar, incisar.
7. A origem mais provável do sobrenome Caesar seria do etrusco aisar, com o sentido de divindade.

CONCLUSÃO:
Júlio Cesar nada tem a ver com a operação cesariana, apesar da lenda sobre o seu nascimento e da literatura existente a respeito.

Referências bibliográficas e mais informações sobre o tema:
Postado por João Tiago

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Efeito Estufa


O efeito estufa (ou efeito de estufa, como se diz em Portugal) é um processo que faz com que a temperatura da Terra seja maior do que a que seria na ausência de atmosfera. O efeito estufa dentro de uma determinada faixa é de vital importância pois, sem ele, a vida como a conhecemos não poderia existir.
O que se pode tornar catastrófico é a ocorrência de um agravamento do efeito estufa que desestabilize o equilíbrio energético no planeta e origine um fenômeno conhecido como aquecimento global. O IPPC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, estabelecido pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988) no seu relatório mais recente [1] diz que a maioria do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento dos gases do efeito estufa.
Os gases de estufa (dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), gás nitroso (NO2), CFC´s (CFxClx)) absorvem alguma da radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e radiam por sua vez alguma da energia absorvida de volta para a superfície. Como resultado, a superfície recebe quase o dobro de energia da atmosfera do que a que recebe do Sol e a superfície fica cerca de 30ºC mais quente do que estaria sem a presença dos gases «de estufa».

Variação da temperatura global (em vermelho) e de concentração de dióxido de carbono(em azul) presente no ar nos últimos 1000 anos.
O nome «efeito estufa» é um nome infeliz porque a atmosfera não se comporta como uma estufa (ou como um cobertor). Numa estufa, o aquecimento dá-se essencialmente porque a convecção é suprimida. Não há troca de ar entre o interior e o exterior. Ora acontece que a atmosfera facilita a convecção e não armazena calor: em média, a temperatura da atmosfera é constante e a energia absorvida transforma-se imediatamente na energia cinética e potencial das moléculas que existem na atmosfera. A atmosfera não reflete a energia radiada pela Terra. Os seus gases, principalmente o dióxido de carbono, absorvem-na. E se radia, é apenas porque tem uma temperatura finita e não por ter recebido radiação. A radiação que emite nada tem que ver com a que foi absorvida. Tem um espectro completamente diferente.
É importante destacar que o efeito estufa, muitas vezes referido pela imprensa como o grande vilão da história, é na verdade benéfico para a vida na Terra, pois é ele que mantém as condições ideais para a manutenção da vida, com temperaturas mais amenas e adequadas. Porém, o excesso dos gases responsáveis pelo Efeito Estufa, ao qual desencadeia um fenômeno conhecido como Aquecimento Global, que é o grande vilão.
O problema do aumento dos gases estufa e sua influência no aquecimento global, tem colocado em confronto forças sociais que não permitem que se trate deste assunto do ponto de vista estritamente científico. Alinham-se, de um lado, os defensores das causas antropogênicas como principais responsáveis pelo aquecimento acelerado do planeta. São a maioria e omnipresentes na mídia. Do outro lado estão os "céticos", que afirmam que o aquecimento acelerado está muito mais relacionado com causas intrínsecas da dinâmica da Terra, do que com as reclamadas desmatamento e poluição que mais rápido causam os efeitos indesejáveis à vida sobre a face terrestre do que propriamente a capacidade de reposição planetária.
Ambos os lados apresentam argumentos e são apoiados por forças sociais.
A poluição dos últimos duzentos anos tornou mais espessa a camada de gases existentes na atmosfera. Essa camada impede a dispersão da energia luminosa proveniente do Sol, que aquece e ilumina a Terra, e também retém a radiação infravermelha (calor) emitida pela superfície do planeta. O efeito do espessamento da camada gasosa é semelhante ao de uma estufa de vidro para plantas, o que originou seu nome. Muitos desses gases são produzidos naturalmente, como resultado de erupções vulcânicas, da decomposição de matéria orgânica e da fumaça de grandes incêndios. Sua existência é indispensável para a existência de vida no planeta, mas a densidade atual da camada gasosa é devida, em grande medida, à atividade humana. Em escala global, o aumento exagerado dos gases responsáveis pelo efeito estufa provoca o aquecimento do global, o que tem conseqüências catastróficas. O derretimento das calotas polares e de geleiras, por exemplo, eleva o nível das águas dos oceanos e dos lagos, submergindo ilhas e amplas áreas litorâneas densamente povoadas. O superaquecimento das regiões tropicais e subtropicais contribui para intensificar o processo de desertificação e de proliferação de insetos nocivos à saúde humana e animal. A destruição de habitats naturais provoca o desaparecimento de espécies vegetais e animais. Multiplicam-se as secas, inundações e furacões, com sua seqüela de destruição e morte.